O calor. É um calor que se entranha no corpo e que cria uma tensão boa. Uma tensão de despreendimento. Uma tensão de querer descobrir mais. Apetece beber mais do que comer. Dançar mais do que estar parado.
Paraty. Foram 3 autocarros diferentes. Da Ilha do Mel até Curitiba. De Curitiba até São Paulo. Cheguei a São Paulo ao amanhecer. Quando acordei na entrada, deparei-me com umas cores que pensei fazerem parte do meu sonho. Nunca na vida vi um nascer do sol tão intenso como aquele. Não consegui fotografá-lo, mas jamais deixarei de me lembrar daquelas cores quando quiser pintar um quadro do nascer do sol. Impossível não sentir a intensidade dos vermelhos naquele acordar cansativo!
Sempre soube da vida cosmopolita dos Portugueses no Brasil, mas só quando cheguei a Paraty percebi como teria sido. Ali é uma pequena amostra de como foram aquelas cidades povoadas por nós. Sentimo-nos em Portugal, talvez no Alentejo, pelas casas muito brancas com beiras azuis, amarelas ou laranjas, mas com a mata atlânctica por trás e um mar azul povoado por mais de cem ilhas.
Existem os passeios de Espuna, mas aconselho a esperar um bocado, gastar mais dinheiro, e a viajar mais livremente por entre as ilhas num pequeno barco. No mesmo barco, iam 4 brasileiros. Antes de iniciarmos viagem o nosso condutor mandou-nos comprar cerveja para o passeio. As praias e o mar eram maravilhosos, mas admito que depois de umas quantas Skol(es), acredito que me tenha parecido ainda mais especial atirar-me para a água quente em alto mar e ver os pequenos peixes azuis à minha volta.
Imperdível neste passeio é parar no Catimbau e comer marisco acompanhado de caipiroskas de maracujá. Um pequeno restaurante em cima das pedras, resultado do casamento entre um brasileiro e uma Europeia de Norte De resto é Chill Out, com restaurantes maravilhosos, esplanadas animadas pelas pessoas e pela música. Fiquei três dias, mas podia ter ficado uma semana. Muito cozy, astística. palco de vários teatros, sendo o marionetas o que tem mais projecção mundial.
Seis ou sete horas depois chegava ao Rio de Janeiro. Não posso dizer que chegar à Central do Ónibus do Rio, seja a melhor imagem que se retém da cidade. Não vale a pena perder tempo a falar das atracções turísticas, porque são conhecidas por todos.
É de facto, a Cidade Maravilhosa, que acredito não existir outra com uma geografia tão fabulosa como aquela. No entanto, a tensão que se sente no ar, nem sempre me deixou respirar como eu gosto. Não me deixou ser livre de me perder nas ruas, de máquina na mão para captar o espírito dos locais. Acho que não fica indiferente a nada, nem à beleza, nem ao medo. Tem piada ouvir um homem, com uns 70 anos, dizer "Então gata, o que vai ser?". Também tem piada que quase todos os Cariocas têm raízes de Portugueses imigrantes dos anos 30. Há sempre uma história para contar referente a isso. O meu avô foi um deles e, compreendo porque deixou a minha avó na aldeia durante tantos anos à espera dele. Olho agora para as fotografias dele e compreendo o que seria chegar de barco aquela cidade.
Ainda fui saborar as águas transparentes de Arraial do Cabo. Na zona dos lagos, perto de Búzios, mas muito menos turístico. São só 3 horas de autocarro. O encanto são as praias de areia muito branca, fina e com as águas transparentes. Estive lá apenas a gozar a praia e o dolce fare niente. Há noite mariscos e vinho. O que é que a vida nos pode oferecer mais?
Viajar encendeia-me a alma. Faz-nos quere conhecer mais o mundo, a natureza e as culturas. O Brasil fez-me pensar que não se esgota em tão pouco tempo. Em cada sítio há alguém que nos aconselha a ir mais além conhecer qualquer recanto a quem a Mãe Natureza dotou de uma sensualidade inesgotável. Foi com este gosto na pele que me vim embora.
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